Adhemar Pereira de Barros (Piracicaba, 22 de abril de 1901 – Paris, 12 de março de 1969) foi um aviador, médico, empresário e influente político brasileiro entre as décadas de 1930 e 1960.
Foi prefeito da cidade de São Paulo (1957–1961), interventor federal (1938–1941) e duas vezes governador de São Paulo (1947–1951 e 1963–1966). Concorreu à presidência da república do Brasil em 1955 e em 1960.
Formou-se em medicina em 1923 pela Escola Nacional de Medicina, (atualmente pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro). Fez especialização no Instituto Oswaldo Cruz. Estudou nos Estados Unidos e fez residência médica em várias cidades europeias, onde se tornou aviador, retornando ao Brasil em 1926. Ademar era fluente em alemão, francês, inglês e espanhol.
Clinicou até 1932, quando se engajou nas fileiras da Revolução Constitucionalista de 1932. Com a derrota do movimento constitucionalista, exilou-se no Paraguai, onde se alistou como médico na Guerra do Chaco, e na Argentina. Nos seus governos sempre procurou beneficiar os combatentes de 1932 com pensões e homenagens, tendo, em 1947, iniciado a construção do Monumento do Soldado Constitucionalista, em São Paulo.
Foi lançado na política partidária por um tio, que fora senador estadual na República Velha, José Augusto Pereira de Resende, chefe político do Partido Republicano Paulista (PRP) da região de Botucatu.
Em 1934 elegeu-se deputado estadual constituinte pelo PRP. A nova constituição de São Paulo foi promulgada em 9 de julho de 1935. Defendeu presos políticos, entre eles Caio Prado Júnior, e fez oposição ao governo federal de Getúlio Vargas. Foi deputado estadual até 10 de novembro de 1937, quando Getúlio deu o golpe do Estado Novo e fechou todas as casas legislativas do Brasil.
Durante o Estado Novo foi nomeado interventor federal no estado de São Paulo pelo então presidente Getúlio Vargas, recomendado por Benedito Valadares e Filinto Müller. Governou São Paulo, como interventor, de 27 de abril de 1938 a 4 de junho de 1941.
Em 1940, confiscou o jornal O Estado de S. Paulo, pertencente à família Mesquita e ao seu desafeto político Armando de Salles Oliveira. O jornal só seria devolvido aos seus proprietários em 1945.
Foi acusado de corrupção, e, exonerado do cargo de interventor federal pelo presidente Getúlio Vargas, em 1941, mas conseguiu provar sua inocência no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em 1946, no processo 001/1946.
Em 1945 foi permitida novamente a existência de partidos políticos, extintos em 1937. Ademar se filiou à UDN e apoiou o brigadeiro Eduardo Gomes para presidente da república nas eleições de 2 de dezembro de 1945.
Ademar, porém, logo se afastou da UDN, e, em 1946, fundou o Partido Republicano Progressista (PRP), que pouco depois se fundiu com o Partido Popular, formando o Partido Social Progressista (PSP), que se tornou o maior partido político de São Paulo do período de 1947 a 1965, e o único partido político com diretórios em todos os municípios do estado de São Paulo.
Foi eleito governador em 19 de janeiro de 1947. Governou São Paulo de 14 de março de 1947 até 31 de janeiro de 1951.
Em 1950, Ademar não se candidatou à presidência. E deu seu apoio, como governador, ao candidato Getúlio Vargas, constituindo uma aliança entre PTB e PSP que nomearia de "Frente Populista". O apoio de Ademar foi decisivo para a eleição direta de Getúlio à Presidência da República em 3 de outubro daquele ano. Getúlio teve, em São Paulo, 25% do total de seus votos. Ademar esperava que, em contrapartida, Getúlio o apoiasse nas eleições presidenciais de 1955.
Em 1954, Ademar foi candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo. Jânio Quadros foi o eleito, com dezoito mil votos a mais que Ademar.
Em 1955, candidatou-se à presidência da república pelo PSP, sendo novamente derrotado. O presidente da república Café Filho, que também era do PSP, não apoiou Ademar. Juscelino Kubitschek foi eleito presidente.
Em 1957, Ademar foi eleito prefeito da cidade de São Paulo. Governou o município de São Paulo em uma época que a cidade era chamada de "a cidade que mais cresce no mundo".
Em 1960, licenciou-se, novamente da prefeitura de São Paulo para concorrer novamente à presidência da república, quando foi novamente derrotado. Jânio Quadros foi o eleito.
Em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros à presidência da república, foi um dos poucos políticos a apoiar o movimento chamado "Campanha da Legalidade" a favor da posse de João Goulart na presidência. Em 1962, concorreu ao governo do estado novamente e foi eleito.
A 19 de julho de 1962, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.
Foi eleito, em 1962, pela segunda vez, governador de São Paulo, derrotando Jânio Quadros, com vinte mil votos de diferença.
Sucedeu, em 31 de janeiro de 1963, o governador Carvalho Pinto, para governar até 31 de janeiro de 1967, porém governou somente até 6 de junho de 1966.
Embora tendo apoiado a posse, em 1961, de João Goulart na presidência para que seu rival Jânio Quadros não voltasse ao poder, Ademar participou ativamente da conspiração que resultou no golpe militar de 1964 - defendeu um impeachment para João Goulart - liderando a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo, em 19 de março de 1964.
Entretanto, isto que não impediu que, em 6 de junho de 1966, fosse afastado do cargo de governador, pelo presidente da república Castelo Branco, e tivesse seus direitos políticos cassados por dez anos, sob a acusação de corrupção, e tivesse confiscadas todas as suas condecorações.
Exilou-se, pela terceira vez em sua carreira política, em Paris, capital francesa, logo depois de ter sido o mandato de governador cassado, o qual foi seu terceiro mandato político a ser cassado.
Ademar foi operado, em janeiro de 1969, de hérnia e litíase. Em 7 de março, tentou se curar no santuário e gruta de Lourdes na França, onde se acredita haver águas milagrosas. Em Lourdes teve uma síncope. Faleceu, em Paris, em 12 de março de 1969, aos 68 anos, metade dos quais dedicados à vida pública.