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PRESIDENTE WASHINGTON LUIZ

26/10/1869 | 04/08/1957

Biografia

Washington Luís Pereira de Sousa nasceu em 26 de outubro de 1869, na cidade de Macaé (Rio de Janeiro), filho de Joaquim Luís Pereira de Sousa e de Florinda Ludgera de Sá Pinto Magalhães, casal de proprietários rurais. Após fazer os estudos primários em Macaé e secundários no Colégio Pedro II e Colégio Augusto, na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, ingressou na Faculdade de Direito, no Largo São Francisco, em São Paulo, completando o curso em 1891.

Após o curso de Direito, voltou ao Rio de Janeiro e começou a carreira como promotor público, ainda em 1891, na cidade de Barra Mansa. Em 1893, aceitou convite de seu amigo e colega de faculdade Joaquim Celidônio Gomes dos Reis para advogar em Batatais, cidade do interior de São Paulo. Nessa cidade, mantinha uma vida cultural ativa. Passou a ter escritório próprio e começou sua atuação política elegendo-se vereador em 1897 e, logo, presidente da Câmara de Batatais. Também se dedicou ao jornalismo, lançando e colaborando com o jornal A Lei, com Altino Arantes e Joaquim Celidônio. Escrevia ainda para outros periódicos da imprensa local. Entre 1897 e 1899 exerceu a Intendência do município, correspondente à chefia do poder executivo. Como intendente, implementou uma ampla série de medidas – de caráter fiscal, de limpeza urbana e de ensino, dentre outras.

Em 1900, Washington Luís casou-se com Sofia Oliveira de Aguiar e Paes de Barros, uma das filhas de Rafael Tobias de Barros e de Maria Joaquina de Oliveira Barros, intitulados barões de Piracicaba. Conheceram-se em um sarau musical na casa da baronesa. Com Sofia, viria a ter quatro filhos: Florinda Maria (em 1901), Rafael Luís (1902), Caio Luís (1905) e Vítor Luís (1907).

No ano de 1901, o casal mudou-se para a capital paulista, onde, além de buscar exercer a advocacia, Washington Luís esteve à espera de ser convidado para o Partido Republicano Paulista (PRP). Em seu tempo livre, entre 1902 e 1903, dedicou-se à pesquisa nos Arquivos da Câmara Municipal e do Estado, para o livro A Capitania de São Paulo, que viria a ser publicado em 1918. 

Nessa mesma linha de valorização de documentos históricos, os Anais do Museu Paulista começaram a ser publicados, por sua ordem, a partir de 1922. Em sua atividade de historiador destaca-se ainda, de 1900 a 1904, a elaboração de artigos para a Revista do Instituto Histórico de São Paulo, de quem era associado desde 1901, e para o jornal Correio Paulistano.

Em 1903, foi convidado a fazer parte do Partido Republicano Paulista (PRP), onde desenvolveu uma bem-sucedida carreira política. Foi eleito deputado estadual, mandato que exerceu de 1904 a 1906, até ser nomeado Secretário de Justiça do Estado (1906-1912). Durante sua longa atuação nessa pasta, liderou um processo de modernização do aparelho judiciário e repressivo: unificou as Secretarias de Justiça e de Segurança Pública, criou o Serviço de Assistência Policial, aperfeiçoou o Corpo de Bombeiros, estabeleceu novas normas para a carreira policial, estabelecendo, entre outas medidas, a obrigatoriedade do diploma de advogado para os delegados de polícia. Elegeu-se novamente como deputado estadual no final de 1912, ano em que também ingressou, como sócio correspondente, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Entre 1914 e 1919, tornou-se Prefeito da Cidade de São Paulo tendo empreendido a construção de quantidade significativa de vias transitáveis no município. Washington Luís era um entusiasta do automóvel, veículo naquela época para muito poucos, tanto que era membro do Automóvel Clube de São Paulo; a partir de 1917, orientou suas ações no sentido da difusão e da propaganda do automobilismo e das estradas de rodagem. Como outras realizações à frente da prefeitura, podem ser destacadas: incrementos urbanos voltados ao centro da capital; uma reforma administrativo-tributária e um empréstimo externo para fazer frente às limitações de orçamento; a instituição de feiras livres para baratear a venda dos produtos agrícolas; a realização da Primeira Exposição Industrial de São Paulo. O brasão atual da cidade foi criado em 1917, graças a um concurso promovido em 1916 por Washington Luís. Houve também a necessidade de lidar com situações complexas e delicadas para os poderes constituídos, como a Greve Geral de 1917 e o surto de gripe espanhola em 1918.

Washington Luís elegeu-se Presidente de São Paulo (governador) e atuou de maio de 1920 até maio de 1924. Uma das marcas de sua gestão foi o incentivo ao transporte rodoviário (cerca de 1.300 quilômetros em todo o Estado). Seu governo tinha como lema “Governar é abrir estradas”, pois reforçava a ideia que as ferrovias já não bastavam, já que não se interligavam. Desse modo, as vias rodoviárias ajudariam a desenvolver todo o Estado. Porém, esta política não o poupou de críticas, chegando a ser chamado de “Dr. Estradeiro”, “Dr. Estradas de Bobagem” e “Dr. Estradeiro de Souza” (15). Um contemporâneo seu, Edgard Egas, ao sumarizar a gestão de Washington Luís no Estado, destaca que, além do setor viário, durante sua gestão foram criadas “várias centenas de escolas novas”, e que fundou o Museu Histórico Republicano de Itu (atual Museu Republicano Convenção de Itu), no local em que, em 1873, reuniram-se políticos e fazendeiros de café no que seria chamada a Convenção Republicana de Itu, marco originário da campanha republicana e da fundação do Partido Republicano Paulista. 

Após deixar o governo estadual, Washington Luís tornou-se Senador, em 1925, e foi eleito Presidente da República em 1926. Sua política econômica foi marcada pela manutenção de um câmbio elevado, visando favorecer às exportações, porém, prejudicando as importações pela elevação do preço dos produtos. Continuou a política de valorização do café. Buscou o equilíbrio orçamentário, com despesas que não superassem as receitas; não elevou a carga tributária; reajustou em 100% a remuneração dos servidores federais ativos, que desde 1914 enfrentavam defasagem salarial. No âmbito cultural, instituiu em 1927 o Museu Rui Barbosa (atual Fundação Casa de Rui Barbosa), na casa em que viveu esse político, jurista e jornalista, com a finalidade de preservar seu arquivo e sua biblioteca; possibilitou a publicação de mais de cem volumes como parte das Obras Completas de Rui Barbosa; ordenou a publicação de documentos históricos do Arquivo Nacional, em 1928. No meio viário, por ele priorizado desde a sua atuação como Prefeito de São Paulo, ordenou a construção e inaugurou a estrada Rio-Petrópolis e a São Paulo-Rio, ambas em 1928. No sentido político, em seu mandato houve tanto um impulso liberal, com libertação de presos políticos e legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), como um retrocesso conservador em seguida, com censura à imprensa (conhecida como “Lei Celerada”) e novo enquadramento do PCB na ilegalidade.

Washington Luís indicou para sua sucessão o paulista Júlio Prestes de Albuquerque, o que contrariou os interesses dos políticos mineiros, que tinham prioridade na indicação para o próximo pleito, seguindo a alternância entre São Paulo e Minas Gerais estabelecida na chamada “política do café com leite”. Essa cisão foi o estopim para a Revolução de 1930, que promoveu nova acomodação de forças dentro da elite política do país.

Washington Luís foi, claramente, uma das figuras políticas mais emblemáticas da Primeira República, correspondente aos quarenta primeiros anos dessa forma de governo no país, período de conturbações políticas e sociais, mas também, nas palavras de Schwarcz Starling, dos “primeiros passos para a institucionalização do Estado Republicano”. Mesmo dando-se crédito a tal afirmação, uma reflexão sobre o conjunto das fontes consultadas e seu acervo documental dentro do APESP permite afirmar que, para além de suas limitações mais ou menos inevitáveis e/ou compreensíveis dentro do contexto em que vivia, Washington Luís, com suas qualidades de administrador insistente e sistemático, daqueles que acompanham as obras e os trabalhos sob sua responsabilidade, mais do que de articulador político nem sempre hábil (vide-se o desfecho de 1930), certamente contribuiu para a melhoria e, principalmente, para a implementação de uma série de normas e padrões que visavam avanços econômico-sociais para o país, com especial apreço aos setores viário, agrário e cultural (especialmente no que diz respeito à valorização da memória histórica e da cultura letrada), conforme a sua concepção e a da elite política da qual fazia parte, respeitando as limitações orçamentárias da administração pública, por meio do que hoje chamaríamos de uma política de responsabilidade fiscal.

Washington Luís foi deposto da Presidência quando faltavam apenas 21 dias para terminar seu mandato. Ficou preso no Forte de Copacabana de 24 de outubro a 20 de novembro de 1930, dia em que, forçado a exilar-se, tomou um navio rumo à Europa com sua esposa Sofia e seus filhos Florinda Maria, Caio Luís e Victor Luís, os dois primeiros com seus respectivos cônjuges. Cumpriu um exílio de 17 anos, primeiramente em Paris, depois na Suíça e em Portugal. Os últimos “6 ou 7 anos”, passou-os nos Estados Unidos. Sua esposa Sofia faleceu ainda nos primeiros anos do exílio, em 1934, aos 56 anos (em Lausanne, na Suíça). Após 1947, quando voltou do exílio, continuou afastado da vida política e mesmo do convívio social, mantendo contato com poucas pessoas além de sua família. Dedicou-se muito, a partir de então, à organização de seu arquivo, aos estudos históricos e à correspondência pessoal.

Faleceu em São Paulo, no dia 4 de agosto de 1957, aos 87 anos de idade.

Fonte: Arquivo Nacional - Portal do Governo Brasileiro.

https://presidentes.an.gov.br/index.php/arquivo-nacional/58-servicos/descricoes-arquivisticas/162-washington-luis

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