Euterpe, é uma estátua em bronze de autoria de Nicola Rollo, instalada muito apropriadamente sobre o túmulo da Família Chiaffarelli, em que se encontra sepultado Luigi Chiaffarelli (Isérnia, 2 de setembro de 1856 — São Paulo, 16 de junho de 1923), que foi um pianista, maestro e professor de música ítalo-brasileiro.
A homenagem é muito apropriada, pois apresenta Euterpe, musa da música e uma das nove musas gregas, filhas de Zeus e da titânida da memória Mnemósine, filha de Urano e Gaia.
Euterpe está representada em prantos pela morte de Luigi Chiaffarelli, com sua lira caída a seus pés.
Luigi Chiaffarelli (Isérnia, 2 de setembro de 1856 — São Paulo, 16 de junho de 1923) foi um pianista, maestro e professor de música ítalo-brasileiro.
Pertencente a uma família de músicos, recebeu de seu próprio pai as primeiras noções de piano e teoria musical.
Professor de grande talento, admirado pelos seus alunos, criou em São Paulo uma escola de interpretação musical que persiste até hoje através de seus discípulos mais fiéis.
Sua mais famosa aluna foi a pianista paulista Guiomar Novais. Também foi mestre de Antonieta Rudge, Maria Edul Tapajós, Alice Serva, João de Sousa Lima, Francisco Mignone, Menininha Lobo (Guilhermina de Freitas Lobo, a quem, em um bilhete, chamou de "menininha dos meus olhos musicais") e outros tantos.
Nicola Rollo (Bari, 15 de maio de 1889 — São Paulo, 29 de julho de 1970) foi um escultor ítalo-brasileiro.
Segundo Raphael Galvez, estudou em Roma, na Academia de Belas Artes e segundo outras fontes, ele teria estudado escultura, já no Brasil, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, tendo sido aluno do escultor Adolfo Adinolfi.
Ainda segundo depoimento de seu discípulo Raphael Galvez, teria chegado ao Brasil em 1913, quando estava com 24 anos. Quanto à documentação, não foi encontrada qualquer menção de sua atividade até a participação no Concurso para o Monumento Comemorativo ao Iº Centenário da Independência do Brasil, realizado em 1º de junho de 1919. O vencedor do concurso foi Ettore Ximenes (Palermo, 1855 - Roma, 1926), o segundo colocado Luigi Brizzolara (Chiavari, 1868 - Gênova, 1937) e o terceiro Nicola Rollo.
Embora o projeto de Ximenes tivesse tido o aval da oficialidade, o de Rollo, segundo Monteiro Lobato, era o preferido do grande público.
Em seu artigo O projeto Rollo, para a Revista do Brasil,[2] Monteiro Lobato já celebrava o gênio e dizia que "a cidade de São Paulo, infestada de Zagros indecorosos, sente-se orgulhosa de ter em seu seio, a levantar o voo, um artista cujo nome está predestinado a circular pelo mundo livre de fronteiras, como um eleito da Glória".
O mesmo Monteiro Lobato, ao comentar A vitória de Ximenes,[3] e atentar para o caráter fraudulento desta vitória, escreverá mais uma vez a favor de Rollo: "Rollo teve a votação unânime da Cidade de São Paulo com exceção apenas de quatro pessoas, que, por coincidência, formavam a comissão julgadora."
Rollo desempenhou atividades de professor no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e na Escola de Belas Artes ( Vicente Di Grado, Tereza D'Amico, Alfredo Oliani, Joaquim Figueira e Raphael Galvez foram alguns dos seus alunos) e executou inúmeras obras tumulares para particulares.
Rollo elaborou uma maquete que já carregava muitos dos elementos que tanto o seu projeto quanto o de Victor Brecheret iriam utilizar para o monumento às bandeiras: os dois cavalos emparelhados com os respectivos cavaleiros, a tensão muscular e o cortejo de figurações que se seguem aos mesmos.
Algumas obras avulsas (como a cabeça de Fauno, em bronze, legada a Raphael Galvez), três bandeirantes em bronze para o Museu Paulista (Francisco Dias Velho, Manuel de Borba Gato – cujo modelo foi Raphael Galvez – e Bartolomeu Bueno da Silva), o túmulo da família Trevisoli (Cemitério da Consolação, 1920), retratando a lenda de Orpheu e Eurídice, o túmulo do maestro Chiafarelli (Cem. da Consolação, 1923) e o túmulo de Luís Ísola (Cemitério da Consolação, 1927) são obras acabadas que Nicola Rollo produziu na década de 1920.
Em 1941, Rollo assombrou a população de São Paulo quando anunciou aos professores de física da Universidade e aos jornalistas que inventara o moto-perpétuo.[7] Houve uma demonstração no anfiteatro da Gazeta, conforme esperado, foi um completo fracasso.
Além das incursões no campo da física e da metafísica, e suas considerações teóricas em companhia de Mário Graciotti, que afastaram Rollo da escultura, ele terá certamente pintado e desenhado. Pode-se apreciar a excelência do seu traço numa composição de Galhos, feita a partir da observação do natural, executada em betume sobre papel resinado.
Em 1956, é ainda um gigante escultor quem executa o Ecce Agnus Dei (Este é o Cordeiro de Deus), encomenda de José Florestano Felice e Odilo Checchine para a praça em frente à matriz do Guarujá. É um Cristo, executado com grande economia de meios, quase lembrando um torpedo. Ele tem dois braços “aplicados”, que levantam um cordeirinho.
Nicola Rollo morreu em São Paulo no dia 29 de julho de 1970, aos 81 anos e está enterrado no Cemitério São Paulo. A municipalidade o homenageou, batizando uma via pública com o seu nome.