Figura de mulher em mármore e alto relevo em bronze de autoria de Nicolina Vaz de Assis, de 1989, compondo o monumento funerário no túmulo de José Vieira Couto de Magalhães.
Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto (Campinas, SP, 1874 - Rio de Janeiro, RJ, 1941). Inicia-se na escultura em sua cidade natal, sendo conhecida por ter realizado o busto de Campos Salles. Recebe bolsa do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo , em 1897, para custear seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde é aluna de Rodolfo Bernardelli. Executa bustos de presidentes de estados, de políticos e personagens ilustres para o Museu da República. Além disso, também constrói esculturas funerárias, como, por exemplo, O Selvagem, de 1898, para o túmulo de José Vieira Couto de Magalhães (1837 - 1898), último presidente da província de São Paulo, localizada no Cemitério da Consolação, considerada o primeiro exemplar de escultura art nouveau da cidade. Em 1904, novamente com bolsa do Pensionato, Nicolina vai para Paris, estuda na Académie Julian com os escultores Jean Alexandre Joseph Falguière (1831 - 1900) e Denys Puech (1854 - 1942), ganhadores do Prix de Rome, do Institut de France, e lá permanece até 1907. Realiza obras públicas em jardins, parques e praças, como O Canto das Sereias, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, e Fonte Monumental, 1913 a 1923, em São Paulo, encomendada pela prefeitura.
O universo artístico do início do século XX no Brasil, no qual existem poucas chances de inserção da mulher, Nicolina Vaz de Assis está entre as poucas que obtêm reconhecimento profissional e não simplesmente como amadora das artes. Desconhece-se seu percurso de formação anterior ao recebimento das duas pensões concedidas pelo Estado de São Paulo, em 1897 e 1904, porém, consolida sua reputação no período em que estuda no Rio de Janeiro. Seu retrato feito por Eliseu Visconti (1866 - 1944), em 1905, e a recepção da tela, elogiada pelo crítico Gonzaga Duque (1863 - 1911), demonstram o reconhecimento atingido, bem como a menção de seus diversos trabalhos em revistas como Fon-Fon! e Kosmos.
Seguindo os passos de seus professores, Nicolina é capaz de articular importantes encomendas de obras públicas e privadas, executadas nos programas escultóricos assimilados da tradição europeia, mas também reveladores das demandas exigidas da arte na virada do século XIX. Prova dessa capacidade é a Fonte Monumental, encomendada em 1913, dentro do projeto de urbanização da cidade de São Paulo, o chamado "Centro Cívico", iniciado por Antônio Prado, prefeito entre 1899 e 1911. A fonte, implantada em 1923 na praça Vitória, hoje praça Júlio de Mesquita, conjunção da avenida São João, rua Barão de Limeira e rua Vitória, marca a ligação entre o centro e o bairro dos Campos Elíseos, residência da elite paulistana. A obra consiste de duas bacias circulares sobrepostas, coroadas por um conjunto escultórico representando um jovem pescador que lança sua rede em meio à sedução das sereias, que tentam desviá-lo de sua tarefa. A composição de formas espiraladas define a hierarquia do conjunto, chamando a atenção para a cena principal. Buscando a difícil integração da função de receptáculo da água e sustentáculo do conjunto de esculturas, as bacias são adornadas por relevos de flores e conchas de mármore, além de máscaras de figuras clássicas e lagostas de bronze. A temática é a tentadora simbiose entre cultura e natureza, cara ao art nouveau, estilo preferido pelas elites locais para demonstrar seu compasso com as novidades europeias e a vontade de modernização.
Entre 1889 e 1935, suas obras foras expostas na "Exposição Geral de Belas Artes", recebendo duas menções honrosas em 1901 e 1902, tendo a artista comparecido apenas na de 1902. Recebeu também uma Medalha de Prata em 1907 e uma de Ouro em 1908.
Junto com escultor português Rodolfo Pinto do Couto, seu marido, em 1929, Nicolina inaugurou uma grande exposição, com mais de quinhentos trabalhos do casal, no Hotel Esplanada, em São Paulo, que teve grande repercussão.
Nicolina faleceu em 20 de julho de 1941, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1950, uma grande exposição póstuma de suas obras foi realizada pela direção do Museu Nacional.
José Vieira Couto de Magalhães (Diamantina, 1 de novembro de 1837 — Rio de Janeiro, 14 de setembro de 1898) foi um político, militar, etnólogo, escritor e folclorista brasileiro.
Nasceu na província de Minas Gerais na fazenda Gavião, na cidade de Diamantina. Seus pais eram Antônio Carlos de Magalhães, capitão e comerciante de pedras preciosas, e Tereza Antônio do Prado Couto Vieira, dona de casa. Ambos os pais de Couto de Magalhães eram de ascendência lusitana, sendo o pai, Antônio Carlos, português de fato. Durante o Segundo Reinado foi governador das províncias de Goiás, Pará, Mato Grosso e São Paulo. Morreu em 14 de setembro de 1898, aos 61 anos de idade.